A arte do sorriso

31/08/2009 16:07

Não importa o jeito. Rir com os olhos, dar uma gargalhada, um sorriso apaixonado ou um leve afastar de lábios faz bem para tudo. O humor é uma espécie de cura universal e pode ser considerado um novo ramo da ciência. É o que demonstrou a Conferência anual da Associação Americana de Humor Aplicado e Terapêutico, realizada em março, em Chicago, Estados Unidos. Durante três dias psicólogos, médicos e pesquisadores apresentaram trabalhos com conclusões interessantes: ser bem humorado nos deixa mais espertos e saudáveis, melhora o sistema imunológico, rejuvenesce, levanta a moral mesmo nos ambientes mais asfixiantes e é fundamental na recuperação da auto-estima depois de grandes traumas: “Quando percebe-se o lado humorado de uma situação, mesmo trágica, isso quer dizer que recuperamos o controle da situação”, afirmou a médica Sandra Ritz em sua palestra sobre Humor para Sobrevivência. “Uma risada é capaz de abrir uma nova perspectiva diante de qualquer dificuldade”, completa. Segundo os especialistas americanos, o bom humor funciona para facilitar o aprendizado, atrair bons negócios e preservar a saúde. Porém, não é qualquer sorriso que faz todo esse bem. O tipo formal ou que traduz constrangimento não têm esse efeito. “O sorriso poderoso mesmo tem de vir diretamente do coração”, explica a terapeuta corporal Liane Zing, diretora do Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo. “Só a manifestação sincera da alegria, do amor, do contentamento, da ternura é capaz de estimular nosso fluxo de energia vital.” Resultado: alguém que estampa um sorriso tem mais chances de estar conectado consigo mesmo e com as outras pessoas do que quem vive de cara amarrada. E a postura corporal também ganha com isso. “Quem tem o hábito de rir mostra-se mais leve e receptivo. E pode também evitar pequenas doenças, como dor de cabeça, dor nas costas e gastrite”, completa a terapeuta.

Esse gesto exclusivamente humano está presente em todas as épocas e regiões. O pesquisador alemão Irenaus Eibl-Eibesfeldt, um dos mestres da observação do comportamento humano, estudou as expressões faciais de mais de 200 culturas, dos índios xavantes aos esquimós, e concluiu que o ato de afastar os lábios e mostrar os dentes não está relacionado apenas às manifestações de alegria. Sorrir pode significar provocação, convite, desafio, sedução, afeto, ironia, submissão... Buda, por exemplo, sempre é retratado com os lábios ligeiramente fechados, esboçando um riso, sinal de serenidade. A Monalisa, obra do pintor italiano Leonardo Da Vinci (1452-1519), ficou famosa por seu meio sorriso enigmático. Graças à sua filosofia e ao espírito acolhedor de seus habitantes, a Tailândia é conhecida como o país do sorriso.

É importante ter um rosto agradável, que dê boas-vindas a quem se aproxima. Esse é um reflexo espontâneo da harmonia que cultivamos dentro de nós.

 

 

Comendador Paullo Ramos – Artista Plástico, Escritor Ensaísta, membro da Academia Duquecaxiense de Letras e Artes, membro da FALASP- Federação das Academias de Letras e Artes de São Paulo, Diretor fundador da Galeria Arte e Fato, membro da BSGI.
(Matéria publicada no jornal IMPRENSA nº200 anoXX - de 16 a 31 de agosto de 2009)